quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Terráqueos


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Transcrição da introdução do documentário Terráqueos, de Shaun Monson:


Terráqueo s. Aquele que habita a Terra.

Uma vez que todos nós habitamos a Terra, somos todos considerados terráqueos.

Não há sexismo, racismo ou especismo no termo ‘terráqueo’. Ele abrange cada um de nós: de sangue quente ou frio, mamífero, vertebrado ou invertebrado, pássaro, réptil, anfíbio, peixes e humanos.

Humanos, então, não sendo a única espécie no planeta, compartilham este mundo com outros milhões de criaturas vivas, já que todos vivemos aqui juntos.

Entretanto, é o terráqueo humano que tende a dominar a Terra. Frequentemente tratando outros terráqueos e seres vivos como meros objetos.

Isso é o que significa ‘especismo’: Por analogia ao racismo e ao sexismo, o termo ‘especismo’ é um preconceito ou atitude tendenciosa em favor dos interesses dos membros de sua própria espécie e contra os membros de outras espécies.

Se um ser sofre, não há justificação moral para se recusar a levar esse sofrimento em consideração.

Não importa a natureza do ser, o princípio de igualdade requer que um sofrimento deva ser considerado igual a um sofrimento semelhante de qualquer outro ser.

Racistas violam o princípio de igualdade, dando maior valor aos interesses de sua própria raça, quando há conflito entre os seus interesses e o interesse de uma outra raça.

Sexistas violam o princípio de igualdade favorecendo os interesses de seu próprio sexo.

De forma similar, especistas permitem que os interesses de sua própria espécie se sobreponham aos interesses de membros de outras espécies.

Em cada um dos casos, o padrão é idêntico.

Todos os humanos são alguém, e não alguma coisa. Moralmente, tratamento desrespeitoso ocorre quando aqueles que se encontram no poder, e têm uma relação de poder, tratam os menos poderosos como se fossem meros objetos.

O estuprador faz isso com a sua vítima. O pedófilo faz isso com as crianças que ele molesta. O senhor com seu escravo.

Em cada um e em todos esses casos, humanos que têm poder exploram aqueles que não têm.

Pode o mesmo ser verdade para como os humanos tratam os outros animais, ou outros terráqueos?

Sem dúvida existem diferenças, uma vez que humanos e animais não são iguais em todos os aspectos.

A questão da igualdade usa uma outra face. Concordamos que estes animais não têm todos os desejos que um humano tem. Concordamos que eles não compreendem tudo que nós humanos compreendemos.

No entanto, nós temos alguns desejos em comum e compreendemos coisas que eles também compreendem.

Os desejos por comida e água, abrigo e companhia, liberdade de movimentos e de não sentir dor. Esses desejos são compartilhados por animais não-humanos e humanos.

Como os humanos, muitos animais não-humanos entendem o mundo no qual vivem. Senão eles não poderiam sobreviver.

Então, apesar de todas as diferenças, há igualdade.

Como nós, esses animais incorporam o maravilhoso mistério da consciência. Como nós, eles não somente estão no mundo, mas estão cientes dele. Como nós, eles são o centro psicológico de uma vida que é somente sua.

Nestes princípios fundamentais, humanos estão lado a lado com porcos, vacas, galinhas e perus.

Qual é nossa obrigação com esses animais, como devemos tratá-los moralmente, são perguntas cujas respostas começam com o reconhecimento da nossa semelhança psicológica com eles.

O vencedor do Prêmio Nobel, Isaac Bashevis Singer, escreveu em seu livro de maior sucesso, Enemies, o seguinte:

‘Pos mais que Herman tivesse testemunhado o abate de animais e peixes, ele sempre tinha o mesmo pensamento: no seu comportamento com os animais, todos os homens são nazistas. A presunção com a qual o homem pode fazer o que quiser com outras espécies exemplifica a teoria racista mais extrema: a lei do mais forte’.

A comparação com o Holocausto é intencional e óbvia. Um grupo de seres vivos angustia nas mãos de outro.

Embora alguns possam argumentar que o sentimento de animais não possa ser comparado ao sofrimento dos judeus e escravos, há de fato um paralelo. E para os prisioneiros e vítimas deste assassinato em massa, o seu holocausto está longe do fim.

Em seu livro, The Outermost House, Henry Beston escreveu que:

‘Nós precisamos de um conceito mais novo, sábio, e talvez mais místico dos animais.

Longe da natureza e vivendo através de artifícios complicados, o homem na civilização vigia as criaturas através do vidro do seu conhecimento e vê, portanto, os detalhes de uma pena, mas uma imagem geral distorcida.

Nós os padronizamos por serem incompletos, pelo seu trágico destino de terem se formado tão abaixo de nós. E nisto nós erramos gravemente. Pois os animais não podem ser avaliados pelo homem.

Num mundo mais velho e mais completo que o nosso, eles se movem completos e confiantes, dotados com extensões dos sentidos que nós perdemos ou nunca possuímos, guiando-se por vozes que nós nunca ouviremos.

Eles não são irmãos, eles não são lacaios. Eles são outras nações, presos conosco nesta vida e neste tempo, prisioneiros do esplendor e trabalho da terra’.

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